21 de set. de 2009

crise existencial.

Muita coisa passa pela nossa mente quando deixamos de ser criança e percebemos as mudanças de uma nova fase. Nossa, é tudo tão estranho! Mas fazer o que, temos que encarar. Eu era inocente. Brinquei de Barbie até meus 12, 13 anos. Viajava nos pensamentos infantis e nas músicas sem sentido. Quando passei para adolescência, como qualquer pessoa, tive problemas existenciais. Sempre estudei em colégios Adventistas, não sei se por motivos religiosos ou por que eram perto de casa mesmo. Quando passei para o 1° Ano do Ensino Médio me mudei para o Colégio Positivo, um dos mais requisitados da cidade. Meu primeiro dia de aula foi muito legal, vi pessoas diferentes das que eu estava acostumada a ver e agüentar todas as manhãs. Foi uma sensação estranha, me senti deslocada e tão bobinha perto daqueles jovens crescidos, descolados e um tanto espertos. Conheci uma menina que sentou na minha frente chamada Suellen, morena, tinha um piercing na orelha e um no umbigo, era mais velha que eu e bem louquinha da cabeça, gostei dela. Do meu lado sentou um garoto chamado Rafael, vulgo “Boca”, moreno, super engraçado e também era mais velho que eu; muito gato por sinal, e pelo que eu percebi as meninas da sala tinham certa queda por ele. Logo atrás sentou uma menina de olhos claros, carinha de meiga chamada Julia, a principio achei ela tão fresca, mas com o passar dos dias me apeguei pelo carinho que ela transmitia; ela era baladeira, tinha a minha idade e freqüentava Raves, não que ela pudesse entrar, mas sempre dava um jeito. Do outro lado da sala, sentava uma menina de cabelos e olhos negros, baixinha, seu nome era Tatiana, me identifiquei muito com ela, não tinha tempo feio e ela fazia sucesso com os meninos por ser bonita e simpática. Nós cinco ficamos tão amigos, tão chegados, trocamos nossos Messenger e Orkut, freqüentávamos um a casa do outro, saímos juntos, dividíamos nossas experiências; éramos um grupo bem diferenciado naquele colégio. As pessoas eram mesquinhas e cheias de marra pelos pais terem muito dinheiro. Nós não ligávamos muito para futilidades. Numa tarde fria, eu estava conversando com o Boca na internet, ele era muito esperto, gostava de fumar maconha, beber e farrear de noite com os amigos e principalmente com mulheres da vida. Para mim era tudo muito novo, fantástico e fascinante; então nunca perdia a oportunidade de conhecer e ouvir suas historias. Falávamos sobre sexo e maconha. Ele quando falava comigo era um livro aberto, depositou uma confiança e uma responsabilidade para guardar todos aqueles segredos. Retribui todo aquele sentimento. Marcamos de ele me ensinar como fumava e de sair juntos para ‘curtir a noite’. Minha primeira experiência com drogas foi engraçada. Não tinha a mínima noção do que era como fazia e para que servia tudo aquilo. Ele teve paciência comigo e se divertiu com tudo isso. Chamou-me de uma grande amiga que ele conquistou, achei aquilo tudo demais e me apaixonei por ele. Tínhamos uma grande sintonia de dar inveja, só por olhares e suspiros já sabíamos o pensamento do outro. Numa semana de Abril, todos no colégio só falavam numa festa de 15 anos que iria acontecer no próximo final de semana, estávamos todos animadíssimos. No sábado me arrumei, coloquei um vestido preto, muito lindo, cheio de pedras e brilhantes, uma sandália alta, maquiagem arrumei meu cabelo…pronta para a primeira festa de verdade da minha vida, que eu iria sozinha, sem meus pais, sem adultos, com muita bebida e uma galera jovem. Lá encontrei todos meus amigos e conheci muitas pessoas legais. Meu celular tocou, atendi, era o Boca, dizendo que estava lá na frente da festa me esperando para entrar acompanhado. Avistei-o de longe. Comemos uns docinhos da porta de entrada e descemos as escadas juntos, todos olharam, deu para notar a movimentação, nos olhamos e achamos hilária a situação. Sentamos nos puffes do salão juntos com as meninas, dançamos muito, rimos muito, conversamos muito. Fui agarrada por um japonês no meio da pista de dança, fiquei constrangida, mas logo me esqueci disso. Era mais ou menos 3:00 AM, o Boca me puxou para sentar junto dele numa cadeira de frente para o salão e falou o seguinte: -” Observe todas essas pessoas, transtornadas e bêbadas, acha bonita isso? É patético quando estamos realmente normais/ sãos e vemos esse tipo de coisa. Ficamos bobos igual a todos eles, que patético né? Mas fazer o que, por um lado é divertido. Só quero que você veja bem tudo isso, para depois escolher o que você realmente quer para sua vida.” Por um momento fiquei surpreendida, nunca ninguém se importou com o que eu quero fazer ou deixo de fazer! Algo me deixou curiosa e tive que perguntar: -” Rafa…por que você disse tudo isso?” -”Me importo com você, gosto de você, quero seu bem. Mesmo que a minha vida seja toda errada, acho que você não precisa passar por tudo isso, se fizer as escolhas certas.” -”Qual sua religião?” (não sei por que perguntei isso) -”Bom, minha mãe é evangélica. Sempre aparecem umas mulheres na minha casa orando por mim, para me libertar das drogas e tals…mas acho que nem tudo depende de Deus, acredito que Ele quer sempre nosso bem, mas precisamos querer!” Depois de ouvir todas essas palavras, sobrou apenas o silêncio. Foi uma ótima noite (…) Vieram festas e mais festas, churrascos, curtições, amizades, baladas… Fui convidada para uma “festa de bêbado”, onde só havia bebidas mesmo. Não conhecia ninguém quando cheguei la com as meninas. Por causa de uma aposta virei um copo cheio de Vodka com Coca Cola. Fumei meu primeiro cigarro naquela tarde. Foi realmente um veneno, fiquei muito louca, sem noção, não posso explicar o que aconteceu, por que não me lembro de detalhes da festa depois que virei outro copo de Vodka. Lembro de voltarmos para a casa da Suellen, a Julia e a Tati passando mal e eu totalmente elétrica. Preferi não dormir na casa dela por que minha mãe não gostava muito dessa idéia de dormir fora. Peguei o ônibus no terminal e no meio do caminho comecei a me sentir tonta e meu estomago embrulhado. Agarrei-me na porta. Deparei-me com um cara olhando e dando risada de mim, fiquei tão indignada que olhei feio para ele. Realmente eu não devia estar nos melhores estados, na mesma hora o sorriso dele sumiu e seus olhos mudaram com a minha encarada. Minha maquiagem estava toda borrada e eu pálida passando mal. Lembro-me de ter vomitado duas vezes em dois ônibus diferentes. Cheguei a casa e fui direto para o banho, para aliviar o porre. Melhorei, deitei na cama e dei risada da situação. Mudei meu visual, meus olhos eram literalmente pretos e quando ficavam borrados de lápis eu adorava, dava um ar de rebeldia. Usava um tênis branco gigantesco, blusinhas curtas grudadinhas, brincos enormes, correntes, pulseiras. Enfim, tudo que chamasse atenção, o que realmente acontecia! Aprendi a entrar no shopping, em lojinhas de bijuteria e roubar o que me agradava. Não gastava dinheiro com nada disso. Era fácil entrar e pegar o que eu queria sem precisar pagar por isso. Lembro de uma vez que entramos numa loja de blusinhas de marca, colocamos dentro do provador as coisas escondidas na mala do colégio e saímos correndo. Quase fomos pegas nesse dia, mas foi só quase. Conheci um menino chamado Matheus, me relacionei com ele. Mas para variar me envolvi com uma pessoa drogada e problemática. Tentei ajudar ele, mesmo que eu não tivesse moral para isso, aprendi com um grande amigo que ‘devemos querer o bem de quem amamos’. Não foi uma situação bem sucedida, por uns dias o Matheus parou de fumar, mas logo voltou 2 vezes pior que antes. Afundou-se literalmente. Numa das aulas de física, no laboratório, eu e minhas amigas começamos a conversar sobre tatuagens e piercings. Decidimos que iríamos colocar um na língua, nós quatro. Era uma grande prova de amizade mesmo. Falei para meus pais que iria dormir na casa da Suh e ir numa festa de despedida. Mas eu tinha outros planos também. Eu estava sem dinheiro, e quando chegamos ao colégio pela manhã meu pai tirou do bolso exatamente o valor que eu precisava para colocar o bendito piercing. Fiquei super feliz e cheguei animadíssima contando para as meninas. Chegamos na casa da Suh, nos arrumamos, fomos na festa de despedida de uma amiga. Dormimos e acordamos animadas! Preparação psicológica para nossa ‘arte’, nenhum pai estava sabendo. Fomos ao local, conversamos com a mulher que iria aplicar e ela tranqüilizou a gente. Julia foi a primeira, se não ela iria desistir. Depois a Tati que estava animada demais para esperar. Daí eu, também estava animada demais. Por ultimo a Suh colocou. …mas quando vi o que realmente tinha feito, apareceu um clarão na minha mente e escutei uma voz que dizia ”por que você fez isso? você precisa disso?” Foi estranho, mas não dei muita importância. Escondi dos meus pais durante uns meses, mas minha consciência pesou e tive que mostrar. Minha mãe chorou se culpando (achei exagero, mas mãe é mãe), meu pai me surpreendeu, foi tranqüilo e pediu que eu tirasse apenas. Tirei… Minha família sempre teve uma influencia religiosa. Evangélicos. Minha vó sempre ia à igreja. Mas meus pais eram desviados. Então nunca me interessei, mesmo conhecendo um pouco e tendo temor sobre essas coisas. Mas ultimamente eles estavam indo na igreja. Achei estranho, mas nem liguei. Tinha vezes que eu queria sair correndo, gritava sozinha em casa, escutava Rock pesado e musicas que faziam apologia a maconha e drogas, eu achava o máximo. Entrava na minha cabeça cada palavra e parecia fazer efeito sobre mim tudo que eles cantavam! Era uma sensação de perturbação em mim, ainda mais quando ficava sozinha em casa no meu quarto. No final do ano, depois de uma prova final, nos reunimos em mim bar de esquina perto do colégio. Foram todos meus amigos para lá, jogamos sinuca, e bebemos e fumamos muito. Um dos caras que eu chamava de ‘amigo’ me ofereceu uma bala que eu aceitei e coloquei direto na boca. Passaram uns minutos e comecei a me sentir estranha, momentos de alucinação vieram na cabeça, vi objetos caindo pessoas e amigos próximos caindo. Lembro-me de ir para a casa a pé. Preocupada com o horário. Ficava vendo cada segundo o relógio e o tempo nunca passava. Acabei destruindo meu celular com arranhões. Deitei-me debaixo de uma arvore, pois estava cansada de correr. Acabei cochilando (ou pensei ter cochilado), vi no relógio tinha passado 2 minutos, o que pareceu uma eternidade, levantei e corri até em casa. Chegando fui direto para o chuveiro, minha mãe gritou comigo, nervosa querendo conversar sobre algo que não me lembro do que se tratava. Acabei entrando no banheiro e tranquei a porta sem dar atenção ao que ela falava, na verdade não conseguia prestar atenção em nada, só na vontade de ninguém me visse transtornada do jeito que eu estava, fora de mim. Ela batia na porta, sai do Box, coloquei um roupão com os cabelos meio molhados. Sentei no sofá, com uma sensação horrível. Ela me olhou e perguntou -”você esta bem?” -”NÃO” E comecei a vomitar por toda a sala, minha pressão baixou muito, fiquei ruim, gelada, tonta, via coisas que não existem, falava coisas que ninguém entendia. Meus pais desesperados me colocaram na cama, me abanaram, e trouxeram muita água. Meus olhos estavam pesados, percebi que estava muito drogada e que cheguei ao ponto de permitir meus pais de presenciarem algo que sempre escondi de todas as maneiras possíveis. Foi horrível, foi humilhante e o que eu chamava de confiança acabará de ser destruída. Depois de um tempo, minha mãe me obrigou a ir na igreja, o que me revoltava muito, eu ficava irada, fora de mim! Mas, o que eu poderia fazer? Sair correndo? Fugir de casa? Digamos que eu não estava com muita moral para discutir minhas vontades (…) Naquele lugar tinha pessoas estranhas. Elas tinham um rosto leve, me tratavam com amor, e me desejavam “PAZ” todas as vezes que eu entrava. Tinha bancos de madeira, pintados com tinta azul, tudo parecia muito velho. Eles falavam muito de Deus, de como Ele salva e restaura e resgata as pessoas do mundo. Não entendia muito que tudo aquilo significava. Numa noite, entrando na igreja, foi diferente. Senti toda aquela paz que eles falavam em mim, pela primeira vez. Um pastor orou por mim e disse-me: “Os planos de Deus na sua vida são tão lindos, tão grandes e magníficos. Só Ele pode sondar seu coração e todas as vontades e sentimentos. Aceite a Ele como Senhor e Salvador, que você vai ver com seus próprios olhos toda sua transformação!” Cheguei em casa naquela noite e orei. A vontade de aceitar aquEle Jesus foi tão grande que eu mesmo não entendia. Decidi que iria assim fazer. Decidi até o dia que iria fazer -”… numa sexta feira vou aceitar a esse Jesus!” Um dia antes, de noite, deitada na cama quase pegando no sono, senti um arrepio terrível passando pelo meu corpo, uma sensação de medo incontrolável e escutei uma voz grossa que dizia devagar: - "Keeeeeeeeeeeeeeeytty! Keeeeeeeeeeeeeeeytty!” Nossa, abri meus olhos no mesmo momento. Com medo e sem saber o que fazer chamei minha mãe. Ela me explicou que o Inimigo das nossas vidas não estava feliz com minha decisão e por eu estar indo na igreja. E se acontecesse isso de novo era para mim clamar o sangue de Jesus, por que só nEle há poder! Aceitei a Jesus naquela sexta feira. Foi à melhor coisa que fiz na minha vida. Após tudo isso, minha vida foi se transformando e eu me transformei em uma pessoa diferente. Com valores, princípios e muita fé em Deus, meu criador. Aprendi a amá-lo e respeitá-lo, aprendi a importância do amor, do temor, da união. Hoje sou liberta de tudo aquilo que eu achava que me fazia feliz e bem, que grande engano. Estava me levando o mais rápido possível para a morte e para a perdição da minha alma. Crise existencial tem cura, e é Jesus Cristo! Antes eu era cega, hoje eu vejo… Antes eu era morte, hoje sou vida… Antes eu era pecadora, hoje sou filha! ALELUIA, JESUS CRISTO SALVA, RESTAURA E TRANSFORMA! E eu sou testemunha viva de todo esse amor! ISAIAS 1:16 - 20 16 Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer mal. 17 Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas. 18 Vinde então, e argüi-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã. 19 Se quiserdes, e obedecerdes, comereis o bem desta terra. 20 Mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse.

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